O título "ORANGE" faz referência à cor dos uniformes prisionais usados nos Estados Unidos (sobretudo em Guantanamo), às túnicas das vítimas do Daech (dito "estado islâmico") e dos coletes "salva-vidas" dos refugiados que atravessam, quotidianamente, o Mediterrâneo. A estranha recorrência desta cor, como um indício de um crime, como uma voz de oráculo, é o ponto de partida da exposição.
1. (tinta acrílica sobre tecido, ventoinha)
Três variações sobre o tema dos coletes "salva-vidas" que, depois de usados, se acumulam nas praias das ilhas gregas. A digitalização, como uma falha de focagem, remete para uma ideia de censura mediática, que caridosamente poupa os espectadores a imagens chocantes.
2. (vídeo 4'39)
Tomamos conhecimento da história de vida de um africano que, tentando entrar de forma dita ilegal em território europeu, atravessou o estreito de Gibraltar a nado. Para o ajudar, construiu uma espécie de bóia com garrafões de água vazios.
O som do vídeo é incomodativo, agressivo, agreste. A personagem nunca consegue fazer voar o papagaio. Os garrafões não foram feitos para voar, nem para salvar náufragos económicos. O rapaz que encontrámos em Marrocos, tinha conseguido fazer a travessia do canal mas acabaria por falhar na chegada, apanhado pela polícia espanhola; esperava o verão para tentar outra vez. O vídeo também tem 3 atos, três tentativas, mas só com um truque barato de cinema, consegue chegar ao objetivo.
3. (fotografia encontrada na internet e manipulada)
Até que ponto se pode acreditar na imagem mediática? No chamado "fotojornalismo"? Aonde acaba a verosimilhança das imagens de guerra? E da guerra em si?
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